DESENHANDO E APRENDENDO
Descobri que algumas pessoas adoram o termo “pensar o selling”. Meu sócio é um deles. Meu irmão e minha irmã possuem uma caligrafia linda e dom de desenhar. São engenheiros e arquitetos de formação.
Eu mal consigo assinar o meu nome.
Confesso que tenho um problema de ritmo. Garrancho sempre foi um problema. Uma espécie de desvantagem competitiva.
A letra da minha esposa é linda e de meus sócios também.
E eles são bons de desenho. E isso me faz lembrar de vez em sempre que às vezes a comunicação mais eficaz é aquela feita em um quadro branco com outras pessoas.
É o desenhar a solução a quatro mãos, ou o começarmos com um fim em mente, como já dizia Hélio Muniz, grande gaiato, pensador e amigo.
Refleti durante anos sobre isso e percebi que eles estavam exatamente certos.
A conclusão que cheguei a ela é trivial. Que era o que dizia meu professor de trigonometria Arago – o terror da rapaziada da escola. A garotada dizia ao Arago, “isso é muito difícil de aprender, ser humano normal levaria séculos para aprender trigonometria”. Isso não era coisas de Deus. E ele retrucava: “isso é trivial meus jovens e ajeitava o óculos com um sorrisinho maroto de canto de boca”.
Aquele velhinho de coração peludo se divertia em silêncio com essas pequenas travessuras matemáticas.
O truque era deixar a galerinha sempre tensa e fazer com que aprendêssemos por esforço e muitos testes. Errar era trivial. Acertar também.
Entendi ao longo das interações empresariais que a grande maioria das informações não é anotada. Ela é comunicada verbal ou não verbalmente entre indivíduos.
Estamos condicionados como animais sociais a usar este método com mais frequência.
A vantagem é que muitas vezes esse tipo de passagem de conhecimento é mais rápida. A desvantagem é que a mensagem pretendida pode facilmente se perder em algum lugar entre as palavras do orador e interpretação do ouvinte.
Enquanto isso, muitas empresas são grandes fãs do powerpoint. Alguém em algum lugar cuidadosamente (ou descuidada) faz uma mensagem que é apresentada. Na maior parte do tempo, há um apresentador ativo e vários ouvintes passivos.
Isso pode funcionar, mas, infelizmente, muitas vezes não porque os ouvintes não estão envolvidos quando eles aceitam que o apresentador é responsável pela comunicação.
CONSTRUINDO A VISÃO
Há um caminho melhor.
Por que não desenhar as soluções juntos?
As imagens são formas poderosas de representar informações.
Muito melhor do que frases em um slide do powerpoint, imagens podem mostrar relacionamentos, sequências e outras interações.
E quando elas são criadas por várias pessoas juntas, eles podem incorporar a sabedoria coletiva do grupo.
Se isso for feito adequadamente, o quadro resultante inclui tanto os entendimentos quanto os acordos entre as pessoas.
Quão poderoso é isso!
Sendo um pouco simplista talvez por isso o termo colaboração, cocriação e design thinking estejam tão em voga no mundo empresarial.
Os conceitos são simples de entender. Significativamente, todos eles visam documentar graficamente o que é mais importante. Isso funciona para tópicos como estratégia, visões, proposições de valor, visões gerais da indústria e outras coisas semelhantes.
Um de nossos clientes outro dia em uma conversa sobre escopo de análises cunhou o termo inteligência visual. Como designer possui uma genuína preocupação de utilizar a facilitação gráfica na empresa na qual trabalha, e mais importante em realizar a passagem da mensagem para outros interlocutores de forma clara e envolvente.
As habilidades de facilitação incluem o uso de modelos, desenho criativo para representar conceitos e coordenar as discussões. As imagens às vezes são um meio para um fim, como uma decisão específica.
O livro de Sam Kaner “Guia do facilitador para tomada de decisão participativa” é um excelente recurso para ajudar um líder a entender como chegar a uma decisão.
As técnicas de Kaner funcionam bem com as técnicas de facilitação gráfica usadas por várias empresas. Outro excelente exemplo do poderoso impacto de desenhar uma solução conjunta pode vir de um projeto retrospectivo.
O livro “Project Retrospectives: A Handbook for Team Reviews”, de Norm Kerth, é um recurso valioso para descrever como “olhar para trás para avançar” é crítico.
Um dos exercícios em uma retrospectiva é o cronograma do projeto. Um longo pedaço de papel é aderido a uma parede. Em seguida, todos os membros da equipe documentam o projeto, adicionando suas lembranças para a linha do tempo.
Os altos e baixos, entregas, reuniões significativas, eventos pessoais, etc, são todos adicionados à imagem do grupo. Quando todos terminam, toda a equipe examina o quadro completo para responder a quatro perguntas.
O formato real do cronograma retrospectivo é menos importante do que o fato de que a equipe o cria em conjunto. O impacto deste exercício pode ser profundo.
Os membros da equipe podem literalmente ver todo o projeto e o que outros consideram importante. Eles podem entender mais sobre o que os frustra, os problemas que eles enfrentaram juntos e superaram, e por fim e não menos importante, a identificarem as coisas que levaram a decepções.
Mais tarde, quando o grupo tiver digerido as mensagens pessoais, podem usar o quadro para extrair lições e explicar aos outros o que aconteceu e por quê. São as famosas “Lições Aprendidas”.
Talvez as imagens e soluções que criamos juntos não sejam tão bonitas como as obras primas expostas em galerias mundo afora.
Talvez elas não possam caber no modelo da empresa.
E talvez elas não tenham transições, animações, vídeos incorporados e outros efeitos especiais que impressionariam os produtores de Hollywood.
Mas o que elas têm é a poderosa mensagem criada, possuída e compreendida por uma equipe.
Mais tarde, se quisermos, sempre podemos fazer uma versão para o powerpoint (com o modelo da empresa aprovado).
A inteligência é uma função social. Interagir e construir soluções conjuntamente, pode nos levar a outros patamares de entregas e colaboração empresarial.
Tenha isso em mente.
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata
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