A empresa tem como objetivo habilitar outras empresas a desenvolver em soluções de pagamento personalizadas
SÃO PAULO – O setor de pagamentos no Brasil é bastante concorrido, e, para se destacar, cada vez mais as empresas estão buscando inovar e apresentar soluções que diminuam a fricção do ponto de vista do cliente.
Em meio a esse turbilhão de novidades, a Zoop surgiu, em 2013, para explorar uma camada intermediária do negócio: uma “fintech para fintechs”, segundo Daniel Teixeira, diretor de novos negócios da companhia.
Essa estratégia está atraindo peixes grandes. Em março de 2018, a Movile, dona do iFood investiu US$ 18,3 milhões no desenvolvimento da empresa. “Queremos que a Zoop seja líder em plataforma de pagamentos na América Latina e aportamos o dinheiro para ela se estruturar e escalar as operações”, disse o co-fundador e diretor de novos negócios da Movile, Eduardo Henrique, à Reuters.
Segundo ele, todas as empresas do grupo vão usar a plataforma para oferecer aos clientes soluções próprias de pagamentos, além de serviços de movimentação financeira. “Várias das nossas empresas estão em processo de integração com a Zoop, a que está mais avançada é o iFood”, disse.
A Zoop tem como objetivo habilitar outras companhias a desenvolverem suas próprias soluções de pagamento. Na prática, fornece os recursos necessários para que outras empresas possam receber, processar e gerenciar seu próprio dinheiro partir da captura de transações por meio físico (terminais) ou digital (aplicativos e sites).
A plataforma da Zoop pode criar pequenas fintechs para marketplaces, PDVs (pontos de venda), ERPs (sistema de gerenciamento empresarial) e subadquirentes.
Teixeira explica que a empresa trabalha em uma camada pouco explorada do negócio de pagamentos. “Temos o iFood como cliente, por exemplo, mas também temos parceria com a Cielo, licença da Visa para operar, e ao mesmo tempo temos a parceria com a fabricante que fornece a máquina para as adquirentes. Nosso negócio não exclui nenhuma camada do setor. Podemos trabalhar em conjunto graças ao nosso sistema integrado”, afirma.
Hoje, os principais clientes da Zoop além do iFood são Avec (um app que reúne salões de beleza, barbearias, etc), Medicinae (empresa de gestão de consultórios médicos) e CaparaóPago (microempresa de adquirência do Espírito Santo).
De maquininhas de cobrança até contas digitais, a plataforma da Zoop é 100% white label, ou seja, capaz de personalizar os produtos e processos. “Por exemplo, o iFood compra uma maquininha de cartão direto do fabricante que também é nosso parceiro e é o mesmo que fornece as maquininhas para a Cielo. Mas a empresa coloca o próprio logo do iFood na maquininha e processa os pagamentos que estão integrados à nossa plataforma”, explica Teixeira.
Ou seja, não importa se a venda é feita pelo app ou direto na maquininha própria, mas o iFood pode gerenciar a cadeia financeira dos clientes e criar uma nova forma de receita com recebíveis dos milhares de estabelecimentos parceiros, o que é vantagem competitiva.
Tipos de serviços
Em termos de serviços, a Zoop tem três pilares principais: venda e captura, gerenciamento, payout/liquidação. O cliente pode escolher como vai operar a parceria e quais serviços quer ter acesso.
A parte de venda e captura inclui um sistema que oferece ao cliente processar pagamentos digitais, presenciais e boleto bancário.
O gerenciamento oferece uma camada de serviços financeiros que permite que os clientes criem uma estrutura digital de gestão de contas, movimentação e extrato e inclui conta digital, planos de venda e antecipação sob demanda e o painel white label.
“O dinheiro do cliente pode ficar sob custódia da Zoop. Não precisa fazer a liquidação no banco. Fica no domicílio bancário da empresa e assim o cliente pode escolher, por exemplo, se quer antecipar recebíveis. O iFood recebeu um pagamento que vai cair em 30 dias e com o dinheiro sob o cuidado da nossa empresa ele pode receber em 15 dias. Movemos dinheiro”, afirma o diretor.
Já o terceiro pilar, de payout/liquidação permite que o cliente acompanhe de forma unificada e em tempo real a gestão financeira do seu negócio. O que inclui serviços como depósitos e transferências, conciliação financeira e liquidação centralizada.
E o lucro, vem da onde?
A empresa não cobra mensalidade: ganha dinheiro cobrando uma taxa por cada transação feita pelos clientes. “É uma taxa física dentro de cada operação, é competitiva, mas não é o diferencial. O valor do nosso negócio está no conjunto de produtos que oferecemos. Personalizar e integrar seus sistemas é uma vantagem para todo tipo de empresa b2b”, diz o diretor.
A Zoop assume todo o arcabouço regulatório, legal e tecnológico dos processos. Segundo, Fabiano Cruz, CEO, as barreiras operacionais para se montar a operação são significativas. “O foco é oferecer uma plataforma tecnológica sofisticada e flexível, alinhada às questões regulatórias, para que os parceiros utilizem e criem soluções específicas de acordo com cada setor”, diz.
Para Cruz, o valor da Zoop também inclui a capacidade de permitir que os clientes desenvolvam produtos financeiros sem precisar investir tempo e recursos em adequações às exigências legais – porque a empresa se encarrega de tudo.
Segundo Teixeira, a concorrência ainda é pequena. “No mundo online temos concorrentes, mas não no mundo físico. Como operamos em ambos os cenários, temos essa vantagem. Oferecemos o sistema de gestão, a maquininha de cartão, a liquidação do pagamento, etc”, afirma.
Fonte: InfoMoney