O QUE É UM “ALIADO OU AMIGO” NA FUNÇÃO DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA?
Uma das coisas que me intriga sobre o exercício diário da função da inteligência competitiva são os tipos de relacionamentos que são necessários para ser bem sucedido.
Pela estrada que percorri nestes mais de 20 anos na função eu sei por experiência própria que as pessoas são o composto que mais importam dentro de um contexto de geração e retroalimentação dessa função.
Recebemos atribuições e solicitações dessas pessoas, pedimos que nos contem seus medos e apresentamos comentários implícitos sobre seu desempenho, mesmo quando informamos sobre o ambiente competitivo.
Entendemos que essas pessoas precisam de informações específicas sobre os concorrentes. Sabemos também que os clientes internos e todos os executivos querem aumentar sua confiança em sua tomada de decisão. E, comumente as pessoas querem sentir que não serão cegadas ou passadas para trás. Ninguém na corporação quer tomar uma “pernada de anão” e nem uma “furada de olho”.
Acima de tudo as pessoas querem ajudar a fazer escolhas sábias sobre o futuro que refletirá bem sobre si mesmos, seus pares a sua liderança.
NOSSOS PAPÉIS E ALÉM
Então, que papel – nós que trabalhamos com a função de inteligência diariamente – devemos desempenhar? Seremos fonte de informação? Crítico? Conselheiro? Oráculo? Adivisors? Ou, talvez, um amigo?
Garanto que poderia ouvi-los através do computador agora (a discordância e ceticismo transmitem bem em ondas digitais).
Sim, talvez a grande maioria ache que as primeiras 3 ou 4 possibilidades muitas vezes se encaixam. Mas, definitivamente, não o papel de “aliado ou amigo”.
Essa é uma descrição demasiada suave demais que nenhum cliente interno ou executivo sênior forneceria em uma descrição de trabalho para esse tipo de função.
Geralmente as pessoas querem ver resultados e valor sobre aqueles que estão tocando a função de inteligência diretamente. Contribuir, trazendo resultados tangíveis, mensuráveis e preferencialmente rápidos seriam os objetivos principais.
No entanto, eu me pergunto sobre isso, levando em conta que o mundo executivo é “selva”.
Não subestimando a necessidade de resultados e benefícios concretos, acho que às vezes perdemos o elemento humano de liderança e o que ele mais precisa. Muitas vezes os líderes estão tentando desesperadamente manter-se à frente do jogo do mercado e do mundo executivo. Muito querem apenas sobreviver a mais um dia, e há rivalidades dentro da empresa que estão ameaçando sua posição.
As pessoas que trabalham em qualquer organização estão constantemente em busca de atenção e favores. Sim, no fundo, somos todos humanos e demandamos um pouco de atenção.
A rivalidade interna existe, e concorrentes, é claro, ficariam felizes se falhássemos no percurso.
O Conselho Empresarial está constantemente avaliando o desempenho dos executivos e é fácil entender que a maioria não avançará. Como já havia citado algumas empresas são uma selva e prosperar dentro dessa selva é muito difícil.
E na vida como no mercado precisamos de ajuda, mas de onde virá? Não há uma resposta talhada em pedra para essa pergunta.
A resposta organizacional tradicional é que a ajuda virá de pessoas que alinham seu desempenho com a agenda da liderança e porque estão incentivadas a fazê-las. Uma vez que o salário, benefícios e bônus são determinados pelos líderes, a nossa conformidade e suporte faz parte desse escopo.
Essa motivação por ganhos e benefícios é poderosa e não deve ser ignorada.
No entanto, a inteligência competitiva é um papel especialmente interessante quando fornecido por um outsider ou prestador de serviço.
O sistema de recompensa é diferente, mas também as oportunidades.
Livre do ciclo de revisão periódica e não apresentando uma agenda alternativa, o acesso do prestador de serviço de inteligência para um líder lhes dá uma chance única de contribuir para o sucesso desse líder, deixando para longe os medos de serem substituídos, ou criticados por alguém na organização.
Em vez disso, o foco pode ser estritamente em obter ajuda real e necessária para o avanço da empresa. Na verdade o objetivo do outsider e fornecedor deveria ser, e muitas vezes o são, resolver conjuntamente os problemas, aportando soluções e colocando a empresa e o gestor bem na fita.
Isto é onde ser um “aliado ou amigo” pode fazer uma diferença enorme.
Agora, para ser claro, eu não acho que ser um “aliado ou amigo” neste contexto significa planejar férias em família juntos.
Isso não significa que você pode evitar entregar o valor tangível de forma eficaz. Também não haveria necessidade de anunciar para um executivo que você pretende ser seu amigo.
DO SUFOCO PARA AMIZADE
Quem passa sufoco junto e sobrevive para contar a história consegue construir um laço de amizade e comprometimento forte. E é o comportamento amigo que é importante nessas relações.
Os melhores amigos que eu tenho na minha vida pessoal têm demonstrado que eles são confiáveis, mesmo quando há um custo de curto prazo.
Esses meus amigos não esqueceram de me encorajar ou de apontar para onde estou me desvirtuando. Suas recomendações são fundamentadas na compreensão do que eu valorizo e eles consideram o impacto a longo prazo de qualquer coisa que eles dizem ou fazem.
Principalmente, eles sinceramente sentem – o prazer de me ver ter sucesso na vida. Meu sucesso não tira nada deles. Ao contrário, juntos navegamos pela vida que tem inúmeros altos e baixos. Eles ficam comigo quando os outros não.
Para uma pequena reflexão, assim como na vida, há sempre um paralelo no mundo dos negócios.
Há um anseio (geralmente não dito) entre os líderes empresariais de terem amigos. No mundo empresarial podemos chamar de aliados. Esses amigos querem que eles sejam bem sucedidos e podem ser contactados em tempos difíceis. Que sejam diretos e que compreendam as dificuldades do trabalho e os imensos desafios. Colegas que possam ajudar a resolver problemas que são complexo e lidam com questões que parecem intratáveis. Consultores, ouso dizer, que honram a agenda do líder e desafiam-no produtivamente para melhorá-la.
Em suma, eles querem um negócio “amigo”.
Umas das conclusões que cheguei ao longo dos anos é que as relações, emocionais e intelectuais, são combustíveis para a grande realização profissional.
Se pudesse resumir essa relação simbiótica, elencaria quatro dicas para um profissional de inteligência competitiva para ser um “amigo” de um cliente ou líder dentro da empresa.
Isto é o que os amigos empresariais fazem e porque esses amigos são chamados de volta para mais projetos e realizações.
Por natureza eu sou uma pessoa acessível e ao mesmo tempo privada – e que também não faz amigos facilmente. Ainda assim, por experiência que a vida vem me proporcionando, eu sei que ter amigos e ser um amigo podem enormemente abrir portas na vida.
Uma outra coisa que aprendi, é que as pessoas que passam no teste de amigos empresariais têm acesso a muitas coisas que antes eram guardadas.
Podemos ser muitas coisas para os líderes que nos contratam para a função de inteligência competitiva, mas pensar e agir como um amigo, talvez seja o maior valor que possuímos para fornecer para eles. O mundo executivo e o mundo das decisões muitas vezes é árido e solitário – e ter um amigo honesto – faz toda a diferença.
Tenha isso em mente.
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata
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