Tenho pensado nestes últimos tempos em correlações entre atividades e crenças que não estão tão claras para mim (pelo menos), mas que de alguma forma estão ali, circundado o mundo invisível ao nosso redor.
Tenho pensado nestes últimos tempos em meus pais, com um carinho imenso. Talvez seja a saudade e a distância de estar em SP e eles no Rio. E tenho me comovido por instantes por mensagens de estranhos num mundo perpétuo de informações.
Meu pai, de formação muito espartana, um agnóstico por vocação, sempre foi um homem das ciências e dos cálculos. E conforme fomos crescendo com a imperatriz de suas crenças e valores, a espada da força andava junto com o amor infinito de minha mãe e a crença muito forte de mundos reais e invisíveis – e a fé e esperança – em algo muito maior.
Crescendo em uma família dicotômica como a minha, sempre foi estranho assistir como um espectador de um filme muito real os valores de uma família tão diferente e ao mesmo tempo tão confluente.
Ainda falarei sobre como encaixo a função de inteligência neste pensamento breve.
A vida é estranhamente maravilhosa, e a lembrança sempre muito poderosa. Algumas coisas acontecem em nossa vida e sobre elas não temos o mínimo de controle. São as forças exógenas. Muito novo enfrentei a morte. Com quinze anos fui baleado em um assalto. O tiro no peito, a fumaça, o cheiro a queima roupa, o estalo e uma dor tão forte que anestesia – essas lembranças vívidas – sempre estarão comigo.
E comigo ficam também muitas outras lembranças. Mas principalmente o processo de recuperação. Cair e reerguer-se é complicado, mas ao mesmo tempo fácil. Basta querer levantar-se.
Dentre um dos inúmeros diagnósticos que inúmeros médicos me deram no processo de recuperação – um me marcou profundamente – inclusive ao meu pai que me acompanhou em todos eles.
Como no tiro perdi parte da minha clavícula, a primeira lembrança de quando acordei foi a mensagem do meu pai. Lembro dele me falando que estava tudo bem, que eu só teria que passar por uma outra cirurgia para colocar uma prótese por conta da perda desse “pequeno osso”. Eu não tinha muitas forças e só sussurrei e pedi ao meu pai que não me abrissem de novo. Não naquele dia. Pai – deixa para próxima.
Pois bem. Meses se passaram e fui no 15º médico, um conhecido do meu tio aqui de São Paulo. Era estranho toda hora tirar a camisa, tirar uma série de chapas e ter pessoas me apalpando. Adolescente detesta contato, a não ser de quem quer bem. E sinceramente um estranho te apalpando e falando de você como uma experiência esquisita – não é uma figura de bem-querer.
Lembro como se fosse hoje. O doutor me examinou, pediu para abrir e fechar a mão, me espetou para ver se tinha sensibilidade, olhou o raio x, sentou em sua cadeira, respirou, ajeitou os óculos e juntou as mãos como numa prece e falou: “Nícolas, por acaso você já jogou na loteria? Meio acanhado, magro e despido, respondi que não. E ele retrucou: “não precisa mais jogar, porque você já ganhou o bilhete sem saber!”
Eu, um garoto de quinze anos, magrinho igual um grilo, estiquei o pescoço e olhei para o meu pai. E vi de relance um sorriso leve e profundo. Quase um alívio. Depois tirei mais umas 20 chapas de raios-x, e o médico me levou para um tour no hospital, me apresentado aos residentes, todos me apalpando, meu pai sorrindo – e eu meio atordoado e bravo – quase como um rock star. Na sequência, fui levado para uma ala que tinha um nome de um médico, não me lembro o nome, mas me lembro como em um filme 4D com cheiro hospitalar, que entrei em sua sala, fui apresentado a um senhor de idade com aparência solene.
Após os procedimentos usuais mencionados acima, o senhor falou uma coisa para mim: “Menino, eu estou no exercício da prática médica há mais de 50 anos e não paro de me surpreender com a força da juventude e os milagres que a vida me proporciona.”
O médico se emocionou e chorou uma pequena lágrima de emoção sincera. Eu fiquei lá parado, sem camisa, com frio, meio bolado como todo adolescente, envergonhado e sinceramente feliz por saber internamente que aquilo ia ter um fim.
Ele me pediu uma coisa e foi uma coisa que achei estranha. “Nícolas, você poderia tirar uma foto comigo, eu quero guardar para lembrar do dia de hoje”. Fiz sim com a cabeça e tiramos a foto. Meu pai sorriu com um sorriso iluminado. E eu saí da sala achando, como todo adolescente que o coroa era meio “maluco” – como todo adulto.
E de agnóstico, duro consigo mesmo e conosco – alguma coisa foi mudando nele. Ele, meu pai, foi ficando mais leve.
Este episódio muito pessoal que compartilho, é uma referência sobre as forças que não controlamos e que de alguma forma elas exercem pressão sobre nós, sejam elas positivas ou negativas.
Buscando fazer uma ponte com o relato pessoal acima, no mundo dos negócios, há divindades que exercem forças que as empresas não possuem controle e que também podem ser “invisíveis”. São as forças do ambiente de negócios.
Frequentemente tomadores de decisão e gestores perguntam como a inteligência competitiva pode vir a ajudar as organizações.
São várias as frentes de apoio de inteligência aos negócios.
A boa função de inteligência competitiva pode ajudar as empresas a fazerem um trabalho melhor no tocante ao marketing e a estratégia.
Essa função pode apoiar na criação de melhores estratégias e levá-las a uma adoção de forma mais eficaz. Mais do que isso, ela liga o futuro com o presente e ajuda a todas as pessoas na organização, que estão a pensar taticamente, a fazerem (algumas) mudanças para apoiar o futuro.
Lao-Tsé, um filósofo e pensador chinês já dizia em sua sabedoria: “O caminho de mil milhas começa com um passo.”
A pequena parte do meu relato trata muito de coisas que não podemos controlar e são importantes de monitorar – e reforça a minha crença que a analogia é uma boa fonte de inspiração entre a vida pessoal e empresarial. Na verdade, a analogia é uma fonte diária na explicação de mecanismos complexos de transferência de informação.
Na complexidade do mundo – a crença sobre algo que não vemos – é uma delas.
Crer é o primeiro passo para fazer IC.
Reflita um pouco sobre isso e tenham um excelente 2017.
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata
[email protected] I http://www.intelligencehub.com.br
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