O DIVÃ EMPRESARIAL DO NOSSO DIA A DIA
Inteligência sempre foi uma palavra esquisita. Se você não sabe algo ou erra, você automaticamente não é inteligente. Já ouvi dizer por aí, que se você é uma pessoa que trabalha com a função de inteligência, é mais inteligente que os outros.
Será mesmo?
O grande lance de quem exerce função de inteligência há anos é saber que errar faz parte do nosso repertório. Falamos com os nossos pares sobre as lições aprendidas, ou pelo menos, em mitigar os erros. Mas também, com a prática e persistência, acertamos de forma consistente.
Sempre que falo sobre a função de inteligência, me volta aquela memória das antigas. Flashback juvenil purinho.
Lembro-me de ficar ao lado dos meus colegas no colégio, pequeno gafanhoto, enquanto olhávamos com os olhinhos arregalados para o professor na frente da sala de aula.
Medo. Sudorese. Piriri braba. Vontade de ir ao banheiro. Pelo do braço ouriçado. Comum em crianças e também em adultos.
A quarta série raramente foi tão intensa como quando começamos a competir para dar as respostas certas às perguntas do maldito cartãozinho do tipo “super trunfo – algo semelhante as cartinhas do pokemon” do professor.
O professor esperaria até que estivéssemos prontos e, em seguida, exibíssemos rapidamente o cartão ou a resposta com um problema de matemática. Qual foi a resposta para “8 vezes 7?” Essa era complicada, eu confesso.
A galerinha miúda tremia na base. A paralisia era total. Lembro que de vez em quando corríamos para levantar nossas mãos, pois estávamos mais preparados. Não era uma pequena questão de dominarmos a multiplicação e nos orgulhamos quando fizemos o movimento certo (especialmente quando ganhamos essa competição e a estrelinha no cartãozinho de avaliação).
Uma lição ficou. Em matemática (como na maioria das matérias), aprendemos primeiro o básico.
Problemas complexos continuam sendo um mistério até que se estabeleçam a solidez dos fundamentos de princípios e técnicas.
Primeiro, aprendemos a somar, subtrair, multiplicar e dividir. Mais tarde, aprendemos sobre frações, porcentagens, formas geométricas e trigonometria.
Cada um dos tópicos baseiam-se em fundações estabelecidas e representam uma aprendizagem significativa.
Lembro ainda que a cada tempo que ousamos ficarmos satisfeitos com o que sabíamos, nossos professores de matemática apresentaram um novo desafio – e sempre um novo recomeço. Uma característica importante voltava. A humildade de não saber e a vontade de querer saber.
A falha de muitos estudantes de matemática trata de um problema de entendimento das palavras. Por quê? Porque os problemas de entendimento de palavras nos obrigam a lidar com a confusão de situações reais.
Muitas vezes, informações extras são incluídas, o que significa que nós precisamos resolver o que é importante contra o que é estranho.
Além disso, ao contrário de muitos dos primeiros exercícios de matemática quando conhecemos o “forma” (unidades) da resposta, os problemas de entendimento de palavras fornecem menos informações sobre a resposta esperada.
Reforçando um pouco mais, os problemas de entendimento das palavras muitas vezes exigem que o aluno use múltiplas técnicas ou abordagens para resolver o problema.
Nós devemos indicar os pressupostos e empregar medidas de risco para produzir as soluções necessárias.
E qual é a relação com a função de inteligência? Analogia meu caro.
RELACIONANDO OS TEMAS COM A FUNÇÃO DE INTELIGÊNCIA
Os problemas da vida real são complexos e exigem um nível de pensamento diferente.
A inteligência competitiva é muito parecida com os problemas de entendimento das palavras que vemos nos testes de matemática.
No começo, temos que entender o básico. Por exemplo, uma maneira comum de pensar sobre os concorrentes é resumir seus pontos fortes e fracos e compará-los com os nossos. Este entendimento abre o caminho para capitalizar as diferenças. Muitas vezes, usamos as Ameaças, Oportunidades, Fraquezas e Forças (SWOT) técnica analítica para este problema.
Outro exemplo é uma simples comparação de produtos ou serviços. Nesse caso, aprendemos a identificar fatores chave que caracterizam o produto ou o serviço e, em seguida, visualizar como duas ou mais ofertas são tarifadas ou oferecidas em cada categoria comparativa.
As diferenças significativas (positivas ou negativas) indicam uma vantagem competitiva para algumas empresas. Esta é uma técnica relativamente simples e eficaz. Existem outros fundamentos importantes para aprender em inteligência competitiva. Por exemplo, há coisas boas para saber sobre a coleta de informações de fontes primárias.
Os profissionais de gestão do conhecimento estão especialmente conscientes de excelentes métodos para encontrar, organizar e usar informações de fontes secundárias.
O domínio das técnicas de taxonomia fazem parte do seu reportório. Classificar grande volumes de informações e separar o joio do trigo está no rol de suas funções. Existem formas estabelecidas de definir o alcance do projeto de inteligência competitiva com tópicos de inteligência chaves.
Estabelecer dimensões a serem mapeadas e monitoradas ajuda sobremaneira. Aqui trago uma lista de requisitos competitivos fundamentais para a função. As habilidades de inteligência são longas e todo profissional de inteligência competitiva deve aprender essas técnicas básicas. Evitar ou refutar esta aprendizagem é imprudente e profissionalmente limitante.
No entanto, é suficiente dominar os fundamentos?
Ou seja, os fundamentos sozinhos tornam eficaz a função de inteligência competitiva?
Uma visão mais complexa dos problemas da inteligência competitiva resultaria em respostas mais ricas?
A inteligência é como dizem nos escritórios das empresas – uma palavra problema . Causa ciumeira na turma da rádio corredor.
Com isso, quero dizer na prática que a inteligência competitiva é um conjunto “desordenado” de atividades envolvendo fontes de informação difíceis, análises complexas e, mais importante, uma mistura imprevisível de pessoas e políticas (que são mais desafiadores que os demais). Está bem. Ela também é processual e estruturada.
Alguém que entenda e aplique apenas os fundamentos arrisca a simplificação excessiva do desafio da inteligência competitiva.
O PROBLEMA HUMANO É COMPLEXO E CHEIO DE MATIZES
Esses problemas humanos, de poderes e empoderamento da função da inteligência competitiva, a multiplicidade de suas representações nos diversos organismos e representações orgânicas empresariais representam a COMPLEXIDADE DA VIDA REAL.
O domínio do “problema etimológico da palavra inteligência” requer a mudança de um foco de TÉCNICA para um foco de SOLUÇÃO.
Uma vez que as boas soluções de inteligência competitiva podem afetar importantes decisões, elas são imensamente valiosas para o cliente.
No entanto, é preciso que a prática ofereça tais soluções.
Tente imaginar como você procederia se você estivesse na seguinte situação.
Medo. Sudorese. Piriri brabo. Vontade de ir ao banheiro. Pelo do braço ouriçado. Uma pontinha de azia no estômago. Comum em executivos de todas as estirpes.
Imagine afinal, que ela só estava no trabalho há dois meses. Refletindo sobre o assediado conjunto de reuniões, relatórios e discussões das últimas oito semanas, essa executiva percebeu que o trabalho era maior do que pensava.
Talvez a abordagem correta, segundo alguns países que esta seguradora opera, fosse reorientar os produtos de margem mais alta e abandonar os segmentos que estavam sob pressão dos novos concorrentes ou produtos substitutos. Ou talvez, abraçar de vez a inovação e transformação de negócios, e matar de vez (escalonamento) os seus produtos tradicionais e abraçar as novas linhas de portfólio que seriam o futuro da organização.
No Conselho outros sustentaram que esta seguradora deveria lutar contra os competidores por linha de negócios concorrentes existentes.
Neste mesmo Conselho Executivo, um terceiro grupo predominante disse que mudar para um modelo de negócio totalmente novo era o melhor curso de ação. Os glóbulos brancos empresariais tremeram e se alvoroçaram.
A análise e a recomendação desta executiva foram destinadas a indicar de forma decisiva a melhor direção.
PERGUNTA 1:
Uma abordagem mais bem sucedida é provavelmente ouvir atentamente os desafios, esperanças e vieses desta executiva.
Usando essa informação, podemos construir uma solução personalizada e matizada para ela.
PERGUNTA 2:
Há ainda a possibilidade de desenvolvermos um plano analítico que forneça uma imagem de linha de tempo atual (ponto base) e onde queremos chegar (perspectivas).
Uma segunda série de etapas se relaciona com as partes interessadas. Ou seja, a esta linha de base precisa ser desdobrada para alinhar com os desejos dos principais decisores e influenciadores da organização.
Trabalhar com um patrocinador de peso, como o CEO, VPS e Diretores garante que estes atores estejam a bordo e alinhados com qualquer imagem, plano de ação e resultados estratégicos.
Precisamos trabalhar juntos para convencer o Conselho e a equipe de gerenciamento destes executivos a adotar novas estratégias de crescimento identificadas.
Há um mundo de coisas a serem planejadas, aprovadas e realizadas. Que bom.
Uma outra coisa me ocorreu enquanto estava escrevendo este artigo. Já perceberam agora que todo mundo é Data Driven? Seria ela a próxima palavra problema?
Inteligência é uma palavra que joga contra a função da inteligência competitiva, mas quando bem entendida e incorporada pelos interlocutores empresariais ajuda a obter as informações, criar os modelos, processar a informação, antecipar movimentos, mitigar riscos e formular estratégias vencedoras eficazes.
Tenha isso em mente.
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata
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