Falar sobre a função de inteligência no mercado financeiro é fascinante.
Bancos, empresas de cartões de crédito, seguradoras, bancos de investimentos, private equity e venture capital são alguns dos segmentos mais fortemente regulamentados em qualquer lugar do mundo, tornando difícil lançar novas estratégias contra os concorrentes. Como contraponto à forte regulamentação, esta é também uma das mais rápidas indústrias em movimento.
Cada amanhecer traz novas regras, novos desafios, novas oportunidades.
Os concorrentes estão encontrando novas maneiras de navegar nesses mares cheios de regras e lançar seus serviços aos clientes.
Para quem não sabe, a indústria de serviços financeiros é altamente competitiva e um setor maduro quando tratamos da disciplina de monitoramento do ambiente de negócios, clientes, concorrentes, regulatório, novos entrantes, entre outros domínios importantes da inteligência competitiva.
A busca pela antecipação é algo inerente a própria atividade financeira. É um mundo que vive pela e para as expectativas futuras.
Nos últimos anos, assistimos boquiabertos a uma enorme quantidade de atividades de fusões e aquisições em todo o setor, o que torna difícil acompanhar o que os concorrentes estão fazendo e planejando.
A transformação digital e a transição contínua para serviços online significa que os concorrentes estão mudando suas ofertas, suas experiências e formas de comunicações com o cliente de forma mais frequente do que nunca.
Nunca antes foi tão complexo manter-se atualizado com o que o mercado e o que os concorrentes estão fazendo.
E novos entrantes nunca foram tão perigosos. O que fazer?
Construir um radar com os domínios de conhecimentos críticos para retroalimentar as estratégias da empresa, investir em um monitoramento de informações secundárias de forma exaustiva, planejar o uso de metodologias para construção de redes primárias bem estabelecidas, e analisar continuamente revendo os planos de ações pode garantir que a sua empresa fique um passo à frente dos seus concorrentes.
ANTECIPAR PARA SOBREVIVER
A indústria financeira tenta antecipar as ameaças competitivas e a defender-se adequadamente.
Com as empresas de serviços financeiros experimentando algumas das mais intensas pressões em sua história, o bom uso e investimento de uma função de inteligência competitiva antecipativa pode fazer uma diferença significativa.
Grandes instituições estão investindo fortemente em inovações e domínio de conhecimentos baseados em temas como blockchain, processamento de pagamentos, computação cognitiva, fintechs entre outros temas.
Levantamento recente da Venture Scanner apontou que há cerca de 1.400 fintechs no mundo, e no Brasil, cerca de 172 – sendo a Nubank a mais famosa delas.
Há no mercado uma percepção entre os grandes bancos que haverá dois tipos de fintechs: Uma será das empresas que concorrerão com os grandes bancos e outra que trabalharão com os grandes bancos. No exterior temos alguns exemplos:
Digital Assets Holdings
Ano de Fundação: 2014
Investidores: Citigroup, IBM
Empresa de software que desenvolve ferramentas de processamento distribuídas e criptografadas. “Nossa tecnologia melhora a eficiência, segurança, conformidade e velocidade de liquidação.”
Kensho
Ano de Fundação: 2013
Investidores: Goldman Sachs, Xfund
Implanta sistemas de inteligência e análise de máquinas escaláveis em todas as instituições governamentais e comerciais mais críticas do mundo para resolver alguns dos problemas analíticos mais difíceis do nosso tempo.
SoFi
Ano de fundação: 2011
Investidores: Peter Thiel, Softbank
Plataforma de empréstimo on-line, focada em empréstimos para refinanciamento de empréstimos estudantis, consolidação de empréstimo de estudante, hipotecas, refinanciamento de hipoteca, empréstimos pessoais e empréstimos de MBA.
Stripe
Ano de fundação: 2011
Investidores: Andreessen Horowitz, Elon Musk
Plataforma que permite que qualquer empresa comece a aceitar pagamentos de clientes em minutos – por cartão de crédito ou diretamente de uma conta bancária.
E como a inteligência pode ajudar a antecipar essas oportunidades ou ameaças no sistema financeiro?
A FUNÇÃO DA INTELIGÊNCIA NO SETOR FINANCEIRO
Algumas abordagens de inteligência utilizadas no setor financeiro:
- Acompanhamento contínuo do Mercado e dos Concorrentes.
- Análise de Perfil de Concorrentes, Clientes, Prospects e Produtos.
- Early warning contemplando análises de ameaças e vulnerabilidades em movimentos de mercado e concorrentes.
- Fornecer informações detalhadas sobre a estratégia de P&D de concorrentes, o pipeline de produtos, o roadmap de tecnologia e os objetivos de gerenciamento do ciclo de vida do produto.
- Análise de segmentação da base de clientes de um concorrente.
- Análise de estratégias de comunicação e de marketing com detalhes completos de investimentos de marketing.
- Análise completa dos planos de lançamento do produto.
- Análise de posicionamento sobre uma mudança regulatória.
- Análise para reconhecimento de novas fontes de receita – incluindo aí fintechs promissoras.
No Brasil empresas como Mastercard, Visa, Bradesco, Itaú, Sicredi, Serasa, Banco do Brasil, HSBC, Cielo, Banco Topázio, Banco De Lage Landen, Tecban e muitas outras instituições estão investindo fortemente em inteligência para antecipar o uso dessas aplicações e muitas outras mais.
Esta lista é apenas um começo de coisas para pensar quando se avalia a possibilidade de trabalhar de forma minimamente estruturada uma inteligência antecipativa no setor financeiro.
Esperamos que estas questões possam ajudá-lo na construção de uma estratégia que lhe ajude a antecipar as oportunidades e ameaças neste mundo de incertezas e complexidades constantes, afinal de contas o dinheiro não é um problema – a falta dele sim.
Tenha isso em mente.
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata