UM BREVE QUESTIONAMENTO DE UM JOVEM ANALISTA DE INTELIGÊNCIA
Outro dia me perguntaram qual seria o perfil do analista de inteligência do futuro?
Na verdade foi um jovem analista de inteligência, após uma reunião na porta do elevador de sua empresa. Pisquei. Respirei. Sorri.
Ele perguntou. Seria ele um cientista de dados? Refleti um pouco e apertei a mão até estalar os nós dos dedos. E respondi que não. Que isso não era importante.
O importante era o analista ter GARRA e ter PAIXÃO pelo que fazia. O importante seria focar nos seus pontos fortes e no que realmente lhe motivava a acordar pela manhã.
E O QUE É GARRA? Resumidamente, é uma combinação única de paixão e determinação. Aquela capacidade de superar, de perseverar e produzir resultados além do puro talento, da sorte ou das eventuais derrotas.
A disponibilidade de se comprometer DE FATO com os objetivos.
Várias pessoas são enganadas pelo TALENTO. Ao longo de minha carreira, já tive a oportunidade de trabalhar com um monte de pessoas das mais diversas formações. Desde advogados, médicos, engenheiros, estatísticos, economistas, administradores, jornalistas, publicitários, filósofos, antropólogos, tecnólogos, biólogos, agrônomos, dentistas, matemáticos entre outros. Alguns tinham PhD, outros eram mestres, especialistas e iniciantes.
Muitas dessas pessoas eram realmente talentosas e inteligentes. Mas as que brilhavam de fato eram as esforçadas. Muitas pessoas talentosas não rendiam o que de fato poderiam, mesmo com seus diplomas de Harvard, Stanford ou correlatos – simplesmente porque eram preguiçosas ou não tinham a paixão necessária pelo que estavam fazendo. Reclamavam quando tinham que refazer o trabalho para avançar em um nível superior.
Não entendiam que quem estavam evoluindo neste exercício de melhoria constante eram eles.
Queriam só um salário e acreditavam que somente a inteligência e o talento eram suficiente para a progressão na carreira. Não era.
E essas pessoas simplesmente desistiam no meio do caminho. Eu já tive um chefe no início de minha carreira que me falou o seguinte: “Você não serve para ser analista de inteligência”. Embora muito inteligente, eu respondi que quem não servia era ele. Nunca me ensinou nada, sempre terceirizou a responsabilidade e cobrava por resultados sem se envolver.
Confesso que no dia após o expediente do trabalho, indo embora pra a minha casa – eu chorei – tipo escorreu uma lágrima no olho esquerdo. E gritei em voz alta batendo a mão no volante do carro. Que fela da pt! E voltei a afirmar para mim que quem não servia para analista de inteligência era ele. E decidi que iria seguir na função.
Muitos anos depois me encontrei com ele e a grande surpresa para ele é que eu tinha evoluído, persistido e crescido na função. Na verdade estava em plena acensão e havia chegado onde ele nunca conseguiu com muito esforço, dedicação e paixão. Não esperava este sentimento…mas foi gostoso observar o olhar incrédulo do sujeito.
Pensando em retrospecto, na verdade eu aprendi algo com ele. Como não ser um chefe. E foi bastante simples. Era só fazer ao contrário do que ele pregava.
Pois quem me ajudou a evoluir foram as pessoas que acreditaram no meu potencial e na capacidade de ir além, foram professores, guias, chefes e mentores. E isso fez toda a diferença.
Garra tem a ver com trabalhar com algo que você valoriza tanto a ponto de querer permanecer leal a essa atividade. Não é paixão, mas sim continuar apaixonado por algo. E eu continuo apaixonado pelo função de inteligência.
O ESFORÇO CONTA EM DOBRO
Talento com esforço nos traz habilidade. Habilidade com esforço nos leva ao êxito.
Repetição e muito treino contam em dobro.
Percebam que se isso fosse uma equação – o esforço contaria dobrado. Esse esforço dobrado torna a habilidade em algo produtivo.
Sem esforço o talento não passa de potencial não concretizado.
Vejam e reflitam como isso é importante.
A CONVERGÊNCIA ENTRE GARRA E PAIXÃO
Uma outra característica importante é ter paixão e a busca por trabalhar em coisas que sejam importantes para nós.
Quando alguma coisa é importante para nós conseguimos realizar coisas extraordinárias.
Essas nossas façanhas humanas são, na realidade, um agregado de inúmeras coisas isoladas onde cada um dos quais, em um certo sentido, nada tem de extraordinário.
Na verdade o que nos leva a ir além, em minha opinião, é a confluência de dezenas de pequenas qualificações ou atividades, cada uma delas aprendidas pela prática (tentativas e erros) ou acaso (de vez em quando descobrimos que somos bons em algo sem querer), que foram cuidadosamente transformadas em hábito, e mais tarde reunidas em um conjunto.
O que produz a excelência é o fato de realizarmos essas coisas de forma sistemática, correta e ao mesmo tempo.
Uma boa função de inteligência pode ser incorporada neste contexto.
Pescando pela memória lembro das minhas primeiras entregas de inteligência – e não tenho uma lembrança tão boa. Quando começamos na função de inteligência, geralmente as primeiras entregas são rudimentares e não possuem a riqueza que buscamos. E isso é normal. Na verdade – dentro de um contexto – até achamos boa para época.
Mas quando começamos a produzir, treinar e a estudar de forma sistemática, as coisas vão ficando mais fáceis e a medida que nossas habilidades aumentam – a qualidade de nossas entregas também. E com esforço isso vai ficando cada vez melhor.
Isso ocorre simplesmente porque investimos mais tempo, nos aprimoramos e nos tornamos mais bem sucedidos nas coisas que fazemos. Fazemos as coisas com paixão e esforço.
Lembre-se que a garra conta muito quando se trata de medir o quanto percorremos na maratona da vida.
Lembre-se que você não está analista de inteligência de 9 as 18hs. Ou você é ou não é.
Nós analistas de inteligência estamos estudando sempre, estamos lendo novas coisas sempre, compartilhando sempre, somos curiosos sempre, questionamos sempre, estamos aprendendo sempre, testando sempre e quando caímos – tentamos de novo sempre. E testamos caminhos alternativos – sempre.
Por essas pequenas observações, em minha perceptiva a garra é uma função primordial em inteligência competitiva.
A garra é o poder da paixão e da perseverança.
Reflitam sobre isso.
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata
[email protected] I https://www.intelligencehub.com.br
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