Nestes dias em que as condições econômicas estão tão difíceis, pode parecer uma hora errada para começar a pensar em investir em qualquer coisa, quem dirá investir na função de uma inteligência mais estruturada.
Pois bem, há sempre no mundo, algumas outras visões e crenças, e uma visão que me parece fazer mais sentido, versa que em momentos mais difíceis é quando surge a oportunidade de se fazer algo diferente para alcançarmos outros resultados.
Uma outra visão – e uma concordo – é que a função da inteligência competitiva minimamente estruturada é mais importante em tempos difíceis embora os métodos utilizados possam ser diferentes do que em tempos de bonanças.
Como dizia um CEO de uma multinacional de Bens de Consumo:
“Tomar decisões com 100% de certeza é fácil, quero ver tomar uma decisão somente com 30%.”
Então, qual é o primeiro passo fundamental para o eventual sucesso de uma função estruturada de inteligência nas empresas?
Simplificando, o primeiro passo é “encontrar a dor.”
Pela dor, quero dizer a necessidade às vezes não tão óbvia, mas significativa, personalizada e sentida por um executivo que está em uma posição sênior na sua empresa.
A dor é um alimento e combustível para a atividade de inteligência competitiva. A dor, já me disse uma vez um poeta, é um grito que todo mundo entende.
A dor do executivo (o nosso cliente interno) pode ser causada por muitas coisas. Aqui estão alguns exemplos comuns de dores do mundo corporativo:
Já perceberam que sempre que alguns dos exemplos acima ocorrem, há um gestor que se sente responsável – ou se preferirmos a verdade – eles são responsabilizados por tais acontecimentos? Reflitam sobre isso.
PERSONIFICANDO A DOR – A PERSONA GRATA
Neste momento vulnerável estes excecutivos estão mais suscetíveis para escutar novas ideias e vão literalmente investir seu tempo, momento e orçamento por informação útil, crível e análises que possam suportar decisões que apoiem de verdade as organizações e a eles mesmos.
Este é o momento privilegiado para a atividade de inteligência competitiva e o tempo mágico para começar.
É a hora do bote. Quando o sangue está na água, já dizia o meu irmão Deinha – que é um executivo ultracompetitivo – é a hora do “shark attack”.
Se tentarmos começar uma atividade de inteligência em nossas empresas sem identificarmos se um patrocinador sênior tem uma “dor”, corremos o risco de nos envolvermos em um exercício acadêmico que não terá um impacto desejado, mesmo com um arcabouço de análises e insights que deixem a Nasa no chinelo.
Será um exercício sem engajamento público e endereçamento ao mundo real. A sinfonia de uma nota só.
Talvez poderemos dizer que é também um momento de alto risco para a função da inteligência competitiva. É o famoso nice to know sem impacto real nas atividades críticas.
Colocando ainda mais a lenha na fogueira, se nos oferecermos para ajudar com a dor do gestor e ainda causarmos mais dor, a nossa carreira na função de inteligência será ainda mais curta.
Dica importante. Cumpra o que prometeu sempre.
No entanto, sem a dor, poucos gestores parecem dispostos a patrocinar atividades de inteligência competitiva e menos ainda apoiá-las ao longo do tempo.
Felizmente – da perspectiva da função de inteligência – há dor abundante e evidente hoje. As dores no mundo empresarial vem em “baldes”. O que é bom para nossa atividade.
As empresas estão sendo incessantemente fustigadas por pressões da concorrência causadas pelo ambiente macroeconômico – externo e sem controles pelas empresas.
A necessidade é grande para operar de forma eficiente, reter clientes e sobreviver até o novo ciclo de prosperidade econômica.
As pessoas que podem ajudar os líderes de sua organização a navegar através destes tempos difíceis serão muito valorizadas pela sua contribuição. Tenha isso em mente.
Líderes de negócios estão procurando pessoas para ajudar a aliviar sua dor.
Se nós somos uma dessas pessoas que podem fornecer “alívio para algum tipo de dor de negócio” por meio de uma função de inteligência competitiva estruturada, proativa e eficaz, então podemos ser elegidos a ser bem sucedidos para uma relação de longa duração. Mas, primeiro, temos que conquistar, ganhar e fazer o trabalho!
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata