INTELIGÊNCIA COMPETITIVA É MAIS DO QUE SE ANTECIPAR AO CONCORRENTE
Frequentemente tomadores de decisão e gestores perguntam como a inteligência competitiva pode vir a ajudar as organizações. O que a inteligência pode trazer aos executivos. São várias as frentes de apoio de inteligência aos negócios.
Um processo de inteligência pode apoiar executivos a entender, através do método de cenários, as possibilidades de novos negócios e identificação de ameaças. As empresas podem utilizar exemplos e acontecimentos do passado para buscar entender padrão de comportamento mercadológico e como as empresas reagem. Podem monitorar e se antecipar a movimentos regulatórios que afetam os negócios e planejar quais ações devem ser tomadas, entre outras.
No campo da relação com o cliente e com os competidores, as empresas podem se valer da inteligência para monitorar continuamente as possibilidades de novos produtos ou serviços, definir e mapear como produtos de competidores podem substituir os produtos e serviços da própria companhia, monitorar a entrada de novos players no mesmo segmento de atuação de sua companhia, entender quais são as possibilidades de aumento ou perda de market-share de acordo com processos de pesquisa e desenvolvimento de seus competidores e principalmente, fornecer insumos para a decisão de antecipação à concorrência.
Não sei até quando a inteligência competitiva em nosso país aflorará como uma prática nova, inovadora, metodologicamente respaldada. Não sei. Vejo que muitas vezes estou em organizações que alegam ter um amplo monitoramento de seus mercados, com uma prática de inteligência estruturada, com equipe destinada à isso, mas que, às vezes, não percebem situações claras acerca de seus competidores.Por vezes vejo outras empresas que não estão estruturadas, mas tem um amplo e disseminado processo de monitoramento do ambiente de negócios. É de se ficar perplexo.
E neste momento econômico brasileiro – e mundial – me atentei para empresas que estão na contramão do que se pode chamar de crise. Elas podem ser otimistas ou agressivas, mas de alguma forma estão investindo, apesar das dificuldades e do momento de aperto, e fazendo coisas que seus competidores não conseguem. Em recente leitura, pude ver montadoras que estão investindo no Brasil de uma forma diferenciada, como a Audi e a Chery. A Audi investiu no ano passado e colheu frutos: as vendas superaram em 86% o total comercializado em 2013. A Jeep pretende multiplicar em cinco vezes o número de revendas existentes no Brasil, depois de passar a produzir neste país. A Chery está investindo US$ 700 milhões em seu novo polo industrial, em Jacareí.
As que não estão demitindo em massa, fechando fábricas e com estoques cheios, estão tomando o mesmo caminho ao aumentar produção, quantidade de pontos de venda, sistema de distribuição, expansão de fábricas etc. Mas penso: não foi o mesmo movimento feito por todas as outras há algum tempo atrás? Será que todas fazendo o mesmo movimento gerará mercado e demanda? Será que teremos consumidor para isso?
Não vi nenhuma delas pensando num novo modelo de negócios para o mercado automotivo brasileiro. Não vi as que estão buscando mercados inexplorados. Não vi as que estão buscando alguma inovação em modelo de negócios e proposta de valor. Reflitamos!
Por Eduardo Lapa