A MUDANÇA DE MINDSET
Não muito tempo atrás, as únicas pessoas que buscavam os “gigs”, buscavam os músicos, os artistas autônomos – e isso não é um juízo de valor – apenas uma constatação.
Para o resto de nós, uma vez que ultrapassamos os nossos sonhos de escola, de sermos uma estrela de rock, um jogador de futebol famoso ou para alguns um galã global, encontramos empregos “reais” que nos paga um salário fixo a cada mês, e que nos permite tirar férias (com tudo pago ou não) e nos suporta na base para o planejamento de um futuro estável.
Sabemos que hoje nada mais é estável.
O mundo de outrora mudou, e com isso mudaram também as profissões, as aspirações e o modo como geramos riqueza.
Hoje, percebemos mais e mais pessoas escolhendo, em vez disso, uma vida trabalhando num formato freelancer, buscando a autonomia de realizações em vez de tempo integral.
DUAS FACES
Para os otimistas, a promessa de um futuro de empreendedores capacitados e um mundo de inovação sem limites.
Para os pessimistas, esse mundo novo anuncia um futuro distópico da caça de uma classe de trabalhadores marginalizados e mal remunerados para a sua próxima nova empreitada.
Nos EUA, essa “Gig economia” está tão em voga que o termo e as questões entraram no radar e discurso da corrida presidencial.
Talvez o futuro do trabalho seja inventar o próprio emprego.
Assim como a internet levou três décadas para sair das universidades e se espalhar pelo mundo, mudando tudo ao seu redor, a nova fronteira tecnológica já começou sua revolução silenciosa. E promete substituir parte dos cérebros humanos, da mesma forma como a Revolução Industrial substituiu os músculos.
Jerome Glenn, é diretor executivo e cofundador do Projeto Millennium, organização sem fins lucrativos internacional dedicada a analisar e projetar cenários futuros. Glenn que há quarenta anos se dedica a projeções e estudos dos possíveis futuros, entende que as interações entre inteligências artificiais e a proliferação da nanotecnologia, da robótica e da automação poderão produzir um cenário de desemprego sem precedentes – e o surgimento de uma nova economia.
Mesmo no melhor dos cenários desenhados pelo Projeto Millennium, não haverá trabalho para todos. A tendência, avalia Glenn, é cada um inventar seu próprio emprego, que dependerá da autorrealização. Estima-se que em 2050 seremos 9 bilhões de pessoas, mas a força de trabalho deve ficar em 6 bilhões, sendo a metade desse universo de trabalhadores autônomos.
Em todos os cenários de futuro esquadrinhados pelo Projeto Millennium haverá menos vagas.
“É hora de dizer a verdade àqueles que não terão emprego: reinventem-se, vocês estão livres”. Jerome Glenn
ECONOMIA ON DEMAND E A INTELIGÊNCIA
Uma das características de quem trabalha com inteligência competitiva é a curiosidade sem fim. Estudar coisas novas e aprender novas aplicações e modelos analíticos faz parte da vida do analista.
Na vida você não está analista de inteligência de 9 a 18 horas. Você é ou não é analista.
Porque simplesmente para que possamos avançar na carreira temos que adquirir novas competências e estudar sempre. A experiência de crescimento é cumulativa e social. Poder trabalhar – em e por projetos – pode ser um caminho de crescimento e autoconhecimento.
Nesta economia show, as linhas entre pessoal e profissional tornam-se cada vez mais tênues. Há certamente algo diferente sobre ser seu próprio patrão. Com a mentalidade certa, podemos conseguir um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.
Mas há também algo a avaliar sobre o conceito de pagamento constante, o horário de trabalho fixo e benefícios fornecidos pela empresa. É mais difícil para planejar a nossa vida mais no longo prazo, quando não sabemos quanto dinheiro faremos no próximo ano.
Por outro lado, iniciar um novo negócio tem sido geralmente uma proposição tudo ou nada, exigindo um apetite significativo para o risco.
Já vejo aqui no Brasil, uma série de empreendedores de inteligência, estratégia e inovação avançando sobre esse novo modelo da economia.
Pessoas que tiveram êxito em suas posições executivas partindo para um novo modelo de contrato – oferecendo o que tem de melhor: Conhecimento e a capacidade de realização.
Em muitos países, as fatias chave da rede de segurança social estão ligadas ao emprego em tempo integral com uma empresa ou o governo. Apesar de efeitos socioeconômicos mais amplos dessa gig economy ainda serem pouco claras, está certo que devemos repensar a disposição da nossa rede de segurança, a avaliação e dissociação de empregos assalariados e nos tornamos mais prontamente disponíveis para esses trabalhadores independentes.
Essa revolução deste mundo novo, me faz pensar no livro a Quarta Revolução Industrial, do alemão Klaus Schwab, e me faz refletir sobremaneira na era do “talentismo” que trata de um sistema econômico com base no talento e não no capital.
Seus principais atributos estão alicerçados em uma maior liberdade individual, mais responsabilidade social, um processo de educação que dure a vida inteira (que bacana!) e mais respeito à diversidade.
E aí? Está pronto para essa nova Gig Economy?
É a nossa inteligência competitiva, para a sua vantagem competitiva.
Grande abraço,
Nícolas Yamagata